Você Não Vai Quebrar a Minha Alma: Burnout, Pop e Justiça Social
- Lucas Rezende
- 2 de jul.
- 2 min de leitura

“Eles mexem com meus nervos, por isso não consigo dormir à noite.” (Break My Soul, Beyoncé)
Quando Beyoncé lançou Break My Soul, em 2022, milhões se reconheceram, seja pelo cansaço, ou pela vontade de simplesmente sair de um trabalho adoecedor.
Nos Estados Unidos, o fenômeno da Grande Renúncia ganhou ritmo e trilha sonora (foi justamente a própria música da Beyoncé): um hino não oficial de trabalhadores que, esgotados, decidiram romper com vínculos precários.
Com versos como “I just quit my job” e “they work my nerves, that’s why I cannot sleep at night”, Beyoncé verbalizou o que muitos viviam na própria carne... o trabalho havia se tornado a causa e concausa de sofrimento.
No Brasil, onde a informalidade e o medo de perder a única fonte de renda seguram muita gente em ambientes laborais tóxicos, o impacto foi outro, mas não menos real. Creio que em breve poderemos ver com nossos próprios olhos movimento semelhante. Se é que já não esteja ocorrendo silenciosamente.
Burnout é acidente de trabalho.
Burnout gera dano existencial.
Burnout destrói a vida para além do ambiente de trabalho.
A previsão é que, em 2027, a maioria da força de trabalho no mundo será autônoma. Isso diz muito. É uma resposta direta a um modelo de trabalho completamente fracassado.
A partir de Break My Soul, Beyoncé deu nome a um todo um movimento (o QuitTok), onde houve uma onda de trabalhadores denunciando relações laborais que adoecem e rompendo com elas publicamente. Ninguém aguenta mais.
Beyoncé, portanto, fez do pop um instrumento de denúncia e ainda cantou, no centro do capitalismo global, o que muitos gritam com coragem contida:
“Você não vai quebrar a minha alma.”
Se hoje o seu ambiente de trabalho te adoece, entenda que isso não te torna fraco. Te torna humano.
© 2025 - Lucas Rezende, Advogado. Salvador/BA. Todos os direitos reservados.
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