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O Silêncio da Dor e a Voz da Advocacia: Humanidade no Direito diante da Doença Grave

  • Foto do escritor: Lucas Rezende
    Lucas Rezende
  • 16 de jun.
  • 2 min de leitura

Há um silêncio que se impõe após o diagnóstico de uma doença grave. Primeiro vem o impacto, depois a racionalização, e então o vazio e o luto.


Um silêncio que desestrutura rotinas, desorganiza afetos e cria uma ruptura entre o que a vida era e o que passa a ser. Na advocacia previdenciária, que exerço com seriedade e que agora se entrelaça à minha transição para o Direito Tributário, esse silêncio não é teoria. É presença constante.


Recebo todos os dias clientes com corpos cansados, vozes embargadas, olhares sem apoio, total descrença e absoluta falta de esperança em dias melhores.


Doença grave, para muitos, não significa apenas adoecer, mas ser deixado para trás. Câncer, Parkinson, esclerose múltipla, hanseníase, alienação mental, depressão refratária... nomes fortes que estremecem a carne de qualquer um que receba esses diagnósticos, que com provas e laudos, não mais traduzem a dimensão da dor.


O sofrimento aparece nas entrelinhas, nas pausas longas, nos laudos impessoais. E também no abandono: muitos perdem laços afetivos e o mínimo de amparo familiar. E, como se não bastasse, ainda precisam provar juridicamente a própria incapacidade.


É nesse ponto que minha atuação se inicia. Mais do que interpor pedidos, escuto. Mais do que argumentar, sustento. A advocacia, diante da doença grave, exige rigor técnico, mas sobretudo humanidade. Cada processo é um esforço de tradução: converter a dor em linguagem que o sistema compreenda.


Reencontro essa ética no pensamento de Simone Weil, autora que atravessa minha formação e prática. Em La personne et le sacré (1943), ela afirma:


“O ser humano é sagrado quando está em necessidade.”


Aquele que sofre deve ser reconhecido por sua vulnerabilidade, não ignorado por ela.


Advogo com escuta, presença e estratégia. Porque o que está em jogo não é apenas um processo. É a possibilidade de alguém continuar existindo com dignidade. Afinal, são seres humanos ainda vivos. E o Direito, se quiser ser justo, precisa pulsar na mesma frequência da vida.


© 2025 - Lucas Rezende, Advogado. Salvador/BA. Todos os direitos reservados.


 
 
 

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